
São os mecanismos inconscientes que nos preparam para qualquer ação que decidimos realizar. Isso significa que somos controlados pelo inconsciente?
Os processos inconscientes ditam nossas ações e nos tornam influenciáveis? Ou existem fatores inconscientes que podem influenciar nossas ações, mas temos o poder de aceitá-los ou neutralizá-los?
Na década de 1980, o psicólogo Benjamin Libet realizou um experimento que mapeou a atividade elétrica no cérebro para entender certas ações dos sujeitos. O experimento mostrou que o cérebro apresentava atividade elétrica muito antes de as pessoas mostrarem intenção em fazer algum movimento. Ou seja, o inconsciente estava operando antes do consciente para realizar uma ação.

São os mecanismos inconscientes que nos preparam para qualquer ação que decidimos realizar. Isso significa que somos controlados pelo inconsciente?
Não necessariamente. O experimento de Libet passou por diversas revisões nas últimas décadas e hoje os estudos dividem-se entre duas possibilidades principais: os processos inconscientes ditam nossas ações e nos tornam influenciáveis; ou existem fatores inconscientes que podem influenciar nossas ações, mas temos o poder de aceitá-los ou neutralizá-los.

Alimentar o cérebro
O poder de influência do inconsciente é justificado pelo funcionamento do cérebro: como um órgão responsável por gerenciar todas as ações do corpo, o cérebro é constantemente bombardeado por informações, que o alimentam para que possa operar tudo ao mesmo tempo.
No lado fisiológico, é mais importante que o cérebro receba informações do que saiba de onde elas vêm. O inconsciente teria, então, uma função vital para o bom funcionamento do cérebro.
Do inconsciente para o consciente
Freud diz que o inconsciente se manifesta no dia a dia de todos nós e tem a capacidade de influenciar nossos comportamentos, ainda que não tenhamos ciência desse mecanismo. Um exemplo são os traumas e medos que impedem certos comportamentos – por exemplo, um trauma com piscina pode criar um medo de água.

Mas se o inconsciente tem a capacidade de influenciar as ações, é nele que está a chave para se libertar desses padrões. Quando entramos em contato com aquilo que está no inconsciente, passamos a ter a capacidade de tirar as ações do “piloto automático”, ou seja, torná-las conscientes.
Essa é a lógica da psicoterapia: acessar padrões do inconsciente e trazê-los para o consciente, de forma que seja possível entendê-los e, se for a melhor opção, mudar as ações e comportamentos motivados por eles.
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Referências:
FREUD, Sigmund. O Inconsciente. In: História do movimento Psicanalítico, artigos sobre a metapsicologia e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
WEINBERGER, Joel. How the Unconscious Works. In: Psychology Today, 13/01/2020. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/us/blog/the-unconscious/202001/how-the-unconscious-works.